Objetivo da clínica psicanalítica

Na obra “Psicanálise, a clínica do real”, organização de Jorge Forbes e Claudia Riolfi, há inúmeras reflexões fundamentais para todos os que trabalham com a Psicanálise em formação permanente e também para interessados em saber mais sobre a clínica lacaniana.

A Psicanálise é a implicação do sujeito no real. É importante que o psicanalista maneje o atendimento na perspectiva de implicar o analisando em seu sintoma.

Desta forma, “o objetivo de uma análise lacaniana é fazer chegar ao ponto de o sujeito poder tocar o Real, vislumbrar do que se trata esse Real sem lei. Possibilitar que o sujeito se depare com sua insondável decisão diante do que é inapreensível e da contingência que o levou a tal decisão. Ao se deparar com esse impossível, é poder, contingencialmente, saber se virar no mundo, levando em conta sua satisfação” (FERREIRA, 2014, p. 174)

Ansiedade

O transtorno de ansiedade é marcado por vários sintomas físicos: taquicardia, suor excessivo, tremores nas mãos ou outras partes do corpo, dor de cabeça, entre outros. A ansiedade é chamada na Psicanálise de angústia, por isso na clínica lacaniana se trata de um sintoma inconsciente diante do real.

Além da ansiedade, a angústia também se manifesta sob a forma de síndrome do pânico, compulsões alimentares, drogas, jogos. As psicanalistas Rodrigues e Muñoz (2020) afirmam que diferentes de outros afetos (raiva, inveja, medo), a ansiedade aparece como um desconforto que a pessoa não consegue explicar, pois faltam palavras.

A falta de palavras é peculiar aos casos de angústia, pouco mencionada quando a reflexão tem o foco no transtorno, e não no sujeito. “A experiência da angústia é muito diversa, cada sujeito encontra diferentes maneiras de lidar com ela” (Rodrigues; Muñoz, 2020).

O inconsciente estruturado como linguagem, desta forma a investigação é de escutar o sujeito e entender os significantes que aparecem para o entendimento da posição inconsciente do sujeito diante do real, simbólico e o imaginário.

“É a palavra que cada um usa em sua narrativa que vai representar o sujeito, e não aquilo que de fato aconteceu em sua história” (Rodrigues; Muñoz)

Quanto tempo dura o luto?

Perder uma pessoa amada é doloroso, por isso o luto não é um processo fácil para ninguém. Christian Dunker (2019) afirma que o luto não é apenas um evento na vida de uma pessoa, mas se trata de uma vivência subjetiva.

O luto não é um produto comercial que há uma quantidade de dias que são “normais” e que se não for concluído em 15 ou 30 dias será resolvido apenas com remédio. O luto não está na lógica da pressa ou da produção de um resultado. O luto está em outro tempo, mais lento e resistente à lógica do apressamento, por isso sujeito precisa ser acolhido! (DUNKER, 2019, p. 35)

Está em luto? Não sofra calada ou calado. Vamos investigar os processos inconscientes sobre essa dor psíquica. É importante procurar a clínica psicanalítica para falar de seus sentimentos, dar encaminhamento no luto. O meu trabalho de escuta irá ajudar para a elaboração do luto, com respeito e atenção para acolher a pessoa em sofrimento.

Demissão subjetiva

Na obra “O tempo e o cão, as atualidades da depressão”, de Maria Rita Kehl, há várias reflexões fundamentais para a clínica psicanalítica. Hoje destaco o item “demissão subjetiva” para pensarmos a depressão.

Demissão subjetiva é um termo lacaniano referente a posição do sujeito que está deprimido. Conforme afirma Kehl, “aquele que sofre a única culpa injustificável, em Psicanálise, a culpa por ceder em seu desejo”.

A psicanalista argumenta que não se trata de supor que a alternativa da depressão seja o domínio egóico do objeto do desejo, pois o desejo é inconsciente. Essa demissão subjetiva varia de cada sujeito diante do “compromisso ou o descompromisso do objeto de desejo”

A escuta psicanalítica é necessária para a compreensão da posição de demissão subjetiva que a pessoa se encontra.

Consciência negra

O Dia da Consciência Negra é para ampliarmos os debates sobre o racismo, a inclusão e os direitos humanos. Não basta dizer “saúde mental para todos”, é preciso que a Psicologia seja efetivamente antirracista!

O Brasil é um país excludente e por isso nós profissionais da Psicologia e da Psicanálise devemos entender o racismo como fonte de sofrimento psíquico.

Vidas negras importam! Combater o racismo, valorizar a cultura afro-brasileira e fomentar a inclusão são formas de construirmos um Brasil melhor.

Ressalto sempre o compromisso social e a atuação ética, antimanicomial e responsável. Nós da Psicologia e da Psicanálise temos muito a contribuir em possibilitar os debates sobre gênero, raça, classe e etnia nas instituições.

Clínica da toxicomania

Precisamos continuar a conversa sobre a drogadição. O foco será sempre no sujeito para visar o seu acolhimento e a sua escuta para entender e implicá-lo em seu mal-es tar de fazer uso problemático de substância psicoativa.

É sempre importante destacar que a exclusão em hospitais psiquiátricos ou em comunidades terapêuticas não são formas de tratamento e de cuidado. As concepções biomédicas e os manuais de classicação diagnóstica não consideram a subjetividade, por isso ressalto a importância da Psicanálise para a clínica da toxicomania.

Conforme explica Shimori et al (2019), “na clínica da toxicomania, a aposta da psicanálise é a mesma empreendida à escuta dos mais variados tipos de sofrimento psíquico: tratar o gozo mediando-o pelo significante, cingindo o Real pelo Simbólico”.

É possível acolher e cuidar desse sujeito em sofrimento, por isso a escuta do inconsciente é fundamental.

Rodrigo Brito
CRP 18/02888

Supervisão clínica

Psicólogas e psicólogos, é muito importante que o atendimento clínico tenha a supervisão com um profissional que estude a teoria de Freud e Lacan, tenha a vivência prática e tenha uma atuação coerente com o Código de Ética profissional e com a Luta Antimanicomial. Por qual motivo? Para que o seu atendimento seja ético, responsável e de qualidade.

Uma pessoa deve ser entendida a partir de sua subjetividade. Psicóloga (o), posso te orientar a escutar o sujeito do inconsciente, a entender a formação do inconsciente, o manejo da transferência. Sim, estou ciente de que cursou Psicologia, mas ainda assim a supervisão é necessária.

O olhar da Psicanálise é fundamental para entender o sujeito. Freud e Lacan, em seus casos clínicos, ouviam o inconsciente e não a patologia, por isso recomendo a minha supervisão, pois será com a mesma ética psicanalítica de acolhimento.

A clínica psicanalítica não é propriedade da Psicologia, mas para o meu serviço de supervisão será apenas para psicólogos, onde iremos conversar sobre o atendimento preliminar, o papel do analista, a clínica lacaniana e o caso clínico.

As supervisões serão uma vez por semana com data e horário a combinar.


Rodrigo Brito

CRP 18/02888

Por que a Psicanálise?

Porque o cuidado será guiado na subjetividade da pessoa. Sem nenhum julgamento moral ou taxativo de comportamentos e costumes. O princípio será ouvir e acolher o inconsciente sem apontar “distorções cognitivas” ou classificar o sofrimento com base no DSM ou outras cartilhas biomédicas.

Será o convite para entender o desconhecido, algo muito além de “autoconhecimento” ou de “falta de habilidade social”, termos utilizados muitas vezes de maneira equivocada no campo da Psicologia.

A Psicanálise segue a ética do desejo. A experiência psicanalítica implica o paciente na responsabilidade diante de seu mal-estar.

Rodrigo Brito
CRP 18/02888